Como o brincar mudou ao longo das gerações
- João de Luca Refundini
- 7 de abr.
- 2 min de leitura
Se você fechar os olhos por um instante e se lembrar das brincadeiras da sua infância, o que vem à mente? Talvez um pega-pega no quintal, uma disputa de cinco-marias no recreio ou uma tarde chuvosa jogando jogo da memória com os avós. Essas memórias não vivem apenas em nossas lembranças — elas moldaram quem somos, ajudaram a formar nossas habilidades sociais, emocionais e cognitivas. Mas… e hoje? O que mudou? E o que, talvez, estejamos perdendo?
Hoje, o brincar também mudou — e embora isso traga novas possibilidades, vale a pena revisitarmos o passado e pensarmos no que ele ainda pode ensinar às novas gerações.
O brincar de ontem: imaginação, movimento e contato real
Brincadeiras tradicionais envolviam movimento, cooperação, improviso. Muitas delas não exigiam brinquedos sofisticados: bastava uma pedrinha no chão, um elástico, uma corda ou um papel dobrado com criatividade. Essas atividades envolviam desafios físicos e mentais, além de intensas trocas sociais — fosse na rua com vizinhos, na escola ou em casa com os irmãos. As regras eram aprendidas na prática, com os mais velhos ensinando aos mais novos — um verdadeiro exercício intergeracional de transmissão cultural.
Além de entreter, essas brincadeiras desenvolviam:
Coordenação motora ampla e fina;
Capacidade de negociação e resolução de conflitos;
Autonomia e pensamento criativo;
Paciência, atenção e memória.
O brincar de hoje: estímulos digitais, menos espaço e novas formas de aprender
As crianças de hoje crescem num contexto diferente. O tempo e o espaço para brincar diminuíram, especialmente nas grandes cidades. Ao mesmo tempo, surgiram novas formas de brincar com tecnologia: jogos digitais, vídeos interativos, aplicativos educativos. Embora possam ser recursos válidos se bem dosados e acompanhados, o uso excessivo das telas pode dificultar o desenvolvimento de habilidades essenciais.
O uso prolongado e solitário de telas pode:
Reduzir o tempo de movimento corporal e exposição à natureza;
Limitar a interação social real e o desenvolvimento emocional;
Afetar a qualidade do sono e da atenção;
Diminuir a tolerância à frustração e ao tédio.
Ou seja: o brincar digital pode ser parte da infância, mas não pode ser o todo. E aí entra a importância de um resgate.
Por que resgatar brincadeiras do passado?
As brincadeiras tradicionais trazem mais do que nostalgia — elas oferecem uma alternativa rica e afetiva ao brincar moderno. Reintroduzi-las na rotina das crianças de hoje pode trazer benefícios profundos, como:
Fortalecimento dos vínculos familiares, especialmente quando pais, mães ou avós participam;
Desenvolvimento de múltiplas habilidades, sem a necessidade de estímulos artificiais ou excesso de informações;
Criação de memórias afetivas, que ajudarão as crianças a se sentirem seguras e conectadas à sua história;
Contato com a cultura e com o valor da simplicidade, resgatando um jeito de brincar mais livre, espontâneo e humano.
Essas brincadeiras são também oportunidades valiosas de ensinar pelo exemplo, promovendo a escuta, a presença e o afeto.

Um convite a se reconectar
Na MBC, acreditamos que brincar é também contar histórias — inclusive as nossas. É criar uma ponte entre o ontem e o hoje, trazendo às crianças de agora as riquezas das infâncias passadas. Por isso, estamos preparando algo muito especial: um lançamento cheio de memória, tradição e afeto. Fique de olho. E até lá, que tal resgatar uma brincadeira antiga e apresentar para seu pequeno CRIAtivo?
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