top of page

Brincar é vínculo.

  • Foto do escritor: Melina Natulini
    Melina Natulini
  • 10 de jul.
  • 2 min de leitura

Essa é uma verdade simples, mas muitas vezes difícil de colocar em prática, especialmente quando falamos de crianças com TEA (Transtorno do Espectro Autista).



Muitas mães compartilham a frustração de não conseguirem brincar com seus filhos, de não saberem como se aproximar ou participar das brincadeiras. Essa dificuldade também é comum entre professoras, cuidadores e até mesmo profissionais da área da saúde que atuam diretamente com esse público. Entrar no universo da criança, especialmente quando ela apresenta dificuldades de interação, exige mais do que disposição: exige paciência, sensibilidade e a compreensão de que o vínculo é algo que também precisa ser ensinado.



Para muitas crianças com TEA, o olhar, o sorriso, o toque e a partilha não surgem naturalmente como formas de interação. Elas podem preferir brincar sozinhas, não buscar contato visual, não reagir ao chamado pelo nome, ou não aceitar de imediato a presença de outra pessoa em seu espaço. Isso não significa que não desejem se conectar — mas sim que precisam de apoio para aprender como fazer isso. É preciso mostrar, de forma respeitosa e constante, que o outro pode ser uma fonte de prazer, segurança e afeto.



E uma das formas mais potentes de ensinar isso é através da brincadeira. Mesmo que, no início, a criança permita sua participação por apenas alguns segundos em uma brincadeira curta, esse pequeno espaço já é uma oportunidade valiosa. Em uma atividade de um minuto, conseguir estar presente por 10 segundos pode parecer pouco, mas na verdade é o começo da construção de algo muito maior. Aos poucos, com repetição e carinho, esse tempo de interação vai se ampliando. O adulto vai se tornando uma presença previsível e segura. A criança começa a perceber que brincar com você é mais divertido do que brincar sozinha, que dividir o brinquedo pode ser interessante, e que, para a brincadeira continuar, ela precisa contar com a sua participação.



Ensinar o vínculo é mostrar que você está ali, não para controlar ou forçar a interação, mas para compartilhar momentos. É estar presente de verdade, com o olhar atento, com a escuta sensível, com o coração aberto. É mostrar que sua presença é reforçadora, ou seja, que estar com você torna a experiência melhor, mais rica, mais divertida. É permitir que a criança entenda, em seu tempo, que ela pode confiar em você, que pode sorrir com você, que pode aceitar seu toque, sua voz, sua companhia.



Esse processo exige tempo, paciência e muita intenção. Não se trata apenas de "estar junto", mas de estar verdadeiramente presente. De se colocar disponível para a troca, ainda que pequena, e de comemorar cada olhar, cada gesto, cada sinal de abertura como uma grande conquista. Porque realmente é. Construir vínculo com uma criança com TEA é um caminho feito de passos pequenos, mas profundamente significativos. Não acontece de uma vez só, e tudo bem. Ele vai sendo tecido no dia a dia, na repetição de encontros, na construção de confiança mútua.



No fim, o vínculo transforma não só a criança, mas também quem está ao seu lado. O adulto aprende a enxergar além do comportamento, a ouvir com o coração e a valorizar o que muitas vezes passa despercebido. E descobre, com alegria, que brincar pode ser um portal para algo muito maior: a conexão verdadeira


 
 
 

Comentários


Não perca nenhuma atualização! Inscreva-se na nossa newsletter para receber os últimos artigos diretamente na sua caixa de entrada e fique por dentro de todas as novidades da Minha Bag Criativa.

bottom of page