Como lidar com o excesso de energia?
- João de Luca Refundini

- 30 de jun.
- 4 min de leitura
As férias são um período de liberdade e diversão, mas para muitas famílias, elas também significam um desafio: como lidar com o excesso de energia das crianças, que de repente se veem sem a rotina e os espaços de gasto energético da escola? A casa, que antes era um refúgio, pode parecer pequena para tanta vitalidade. A chave para um período de descanso harmonioso reside em encontrar o equilíbrio delicado entre estímulo e pausa, oferecendo à criança oportunidades para descarregar essa energia de forma produtiva e, ao mesmo tempo, momentos para recarregar. Isso é fundamental para manter o bem-estar emocional de todos.
Entendendo o excesso de energia infantil
Com a quebra da rotina escolar, que inclui aulas de educação física, recreios e atividades organizadas, as crianças acumulam uma quantidade considerável de energia que precisa ser liberada. Esse excesso, se não for bem gerenciado, pode se manifestar de diversas formas: irritabilidade, agitação, dificuldade para dormir, maior propensão a birras ou até mesmo um uso excessivo e desregulado de telas. É importante entender que essa energia não é "problema", mas uma característica natural do desenvolvimento infantil, amplificada pela mudança de ambiente. O papel dos pais e cuidadores é, portanto, criar um ambiente que ofereça válvulas de escape saudáveis e preveja momentos de desaceleração, garantindo que o tempo livre seja de fato um período de prazer e crescimento, e não de exaustão para a família.
Estratégias práticas para equilibrar estímulo e pausa
Lidar com o excesso de energia das crianças nas férias não significa preencher cada minuto com atividades exaustivas, mas sim ser intencional na oferta de momentos variados que atendam às diferentes necessidades do corpo e da mente infantil.
Movimento planejado e espontâneo: Ofereça oportunidades para o gasto de energia física. Isso pode ser por meio de circuitos de obstáculos dentro de casa usando almofadas e móveis, sessões de dança livre, jogos de caça ao tesouro que envolvam correr e pular, ou até mesmo tarefas domésticas transformadas em brincadeira, como organizar brinquedos ao som de música. O importante é que a criança se movimente ativamente por períodos significativos.
Brincadeiras que desafiam o corpo: Incentive atividades que exijam coordenação e equilíbrio, como pular corda (se houver espaço), brincar de estátua ou de "siga o mestre" com movimentos complexos. Essas brincadeiras não apenas liberam energia, mas também desenvolvem habilidades motoras e cognitivas.
Momentos de descompressão e quietude: Tão importante quanto o estímulo é a pausa. Crie "cantinhos da calma" com almofadas, livros e materiais para desenhar, onde a criança possa relaxar. Proponha atividades mais tranquilas, como leituras compartilhadas, quebra-cabeças, jogos de tabuleiro calmos, ou ouvir música suave. Ensinar técnicas simples de respiração ou fazer um pequeno alongamento pode ajudar a criança a se autorregular.
Rotina flexível: Mantenha alguns pilares da rotina diária (horários de refeições, banho, e sono) um pouco mais previsíveis, mas com flexibilidade nos intervalos. Saber o que esperar em certos momentos do dia oferece segurança e ajuda a criança a entender quando é hora de gastar energia e quando é hora de desacelerar.
Tempo de tela consciente: Utilize as telas de forma estratégica, não como a principal ferramenta para "segurar" a energia. Limite o tempo de uso e prefira conteúdos interativos ou educativos que possam, inclusive, complementar as brincadeiras offline (como um vídeo de alongamento infantil antes de uma sessão de yoga em casa).
A força da natureza: explorando o ambiente externo
Mesmo que o foco seja lidar com a energia em casa, não subestime o poder transformador do ambiente externo, por menor que ele seja. O quintal, uma varanda, o térreo do prédio ou um parque próximo são extensões valiosas para o brincar ativo. A natureza, por si só, convida ao movimento variado e estimula os sentidos de forma incomparável às telas. Caminhar, correr na grama, subir pequenos morros, rolar, observar insetos ou plantar uma semente são atividades que gastam energia de forma orgânica, desenvolvem a coordenação motora grossa e fina, promovem a resolução de problemas em um cenário dinâmico e oferecem a essencial exposição à luz solar (importante para a Vitamina D e o humor). O ar livre proporciona um tipo de estímulo sensorial e de liberdade que o ambiente fechado não consegue replicar, atuando como um poderoso regulador emocional e uma válvula de escape para a energia represada. Não é preciso planejar grandes expedições; basta um tempo consistente e descomplicado ao ar livre para colher os benefícios.
O bem-estar emocional de toda a família

O equilíbrio entre estímulo e pausa beneficia não só as crianças, mas toda a família. Pais que conseguem gerenciar a energia dos filhos de forma saudável sentem-se menos estressados e mais conectados. Ao observar e responder às necessidades das crianças, oferecendo tanto a oportunidade de descarregar energia quanto de se acalmar, os adultos contribuem para um ambiente familiar mais sereno e divertido. As férias são um período para recarregar as energias e fortalecer laços; com intencionalidade e criatividade, é possível transformar o desafio da energia extra em um convite para o desenvolvimento, o afeto e a construção de memórias felizes para todos.



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