Meu filho não me olha
- Melina Natulini

- 17 de jul.
- 2 min de leitura
A falta de contato visual é algo bastante comum entre crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), e muitas vezes pode causar uma impressão equivocada de que aquela criança não sente, não quer ou não precisa de ninguém. No entanto, é fundamental compreender que essa dificuldade está ligada ao funcionamento neurológico dela e não à ausência de afeto ou interesse social. A boa notícia é que é possível estimular o contato visual de forma leve, natural e respeitosa, sem causar desgaste à criança.
Para pessoas típicas, o olhar durante a comunicação é algo espontâneo, mas mesmo assim não mantemos o contato visual constantemente durante uma conversa. Também desviamos o olhar, triangulamos, nos movimentamos. Por isso, não podemos exigir algo tão intenso de uma criança que já apresenta dificuldade nesse aspecto. Precisamos começar devagar, com pequenas exigências, e ir construindo esse comportamento aos poucos, sempre com respeito ao tempo e ao limite da criança.
Ser uma presença acolhedora, utilizar um tom de voz afetivo, ter em mãos objetos que a criança gosta e oferecer colo quando ela permite são formas de tornar o ambiente mais seguro e propício para que o contato visual aconteça naturalmente. À medida que esse vínculo é fortalecido e a criança se sente segura, ela tende a olhar mais. E, mesmo que esse comportamento não se generalize de imediato para outras pessoas ou situações, com consistência e afeto ele tende a aumentar com o tempo.
O contato visual é uma habilidade muito importante porque serve como base para outras, como a fala, a imitação e a interação social. Cada olhar que a criança direciona a você deve ser valorizado com um sorriso, com alegria genuína. O reforço social é poderoso para crianças com TEA e pode fazer toda a diferença no fortalecimento do vínculo e na construção dessas habilidades. Mais do que treinar o olhar, é preciso tornar esse momento significativo e prazeroso para ela. Assim, aos poucos, o olhar vai se tornando mais frequente, mais espontâneo, e, acima de tudo, mais carregado de conexão.



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